A abertura da economia brasileira nos anos 90



  A economia brasileira, enquanto economia periférica ao desenvolvimento capitalista mundial, até a década de 1980 conseguiu avançar no seu processo de industrialização apresentando um parque industrial com empresas produtoras de bens de capital e de insumos modernos, além das produtoras de bens de consumo durável e não durável.
 A instabilidade macroeconômica marca o período seguinte que se estende até meados de 1994. A crise da dívida externa, impedindo o acesso a novas linhas de crédito, a deterioração das [manças públicas e a conseqüente inflação orientaram a implementação de políticas de ajuste impedindo que as. empresas realizassem um efetivo alinhamento às mudanças organizacionais e tecnológicas dominantes no cenário econômico mundial. A prioridade das empresas será a adoção de estratégias defensivas, e de curto prazo, para enfrentar um cenário marcado pelo encarecimento e redução do crédito, contenção da demanda, congelamentos de preços, reformas monetárias, mudanças de regras contratuais, entre outros que marcam a economia brasileira nos anos de 1980 até o início dos anos de 1990. O contexto impede um esforço de desenvolvimento científico e tecnológico alinhando-se ao que ocorre em termos mundiais.

Além disso, a Política fudustrial e de Comércio Exterior (PICE) inaugurada com o Governo Collor a partir de 1990, pressiona para uma adequação das organizações em curto período de tempo. O fulcro da nova política industrial passa a ser questão da competitividade que se toma indicadora do objetivo empresarial a ser perseguido. Apesar da política industrial do Presidente Collor ser alicerçada em uma política de concorrência e uma política de competitividade, a primeira tomou-se mais efetiva com o processo de redução dos impostos incidentes sobre os bens importados, destacando-se pela desmontagem do sistema de proteção e de incentivos construídos nas décadas anteriores.

A abertura do mercado brasileiro e a valorização do real foram condicionantes do êxito do Plano Real, ou seja, para o combate à inflação ao aumentarem a quantidade e reduzirem os preços dos bens importados, respectivamente

O ajuste realizado pelas empresas para fazer frente à política industrial significou reestruturações dos processos produtivos, pois estas são direcionadas para priorizar as atividades internas em que as empresas são competitivas, eliminar as atividades até então realizadas e consideradas subsidiárias (terceirização), implementarprogramas visando à melhoria de qualidade etc. A palavra de ordem era a busca de aumento da: produtividade, obtida, nesta primeira etapa, com a redução de custos e a maior racionalização da produção.

Ao fato de as indústrias, no período, utilizarem equipamentos e instalações defasados, além da deficiência de suas tecnologias de processo e produto, somou-se às deficiências da infra-estrutura em especial nos segmentos de energia, transportes e telecomunicações, atrasando a adoção do novo padrão tecnológico e organizacional vigente nas economias desenvolvidas. O longo período de ajuste da economia brasileira também resultou em um estado incapaz de articular e fomentar uma base de apoio ao avanço da competitividade industrial, pelo peso, em suas finanças, dos encargos da dívida externa e dívida interna e também das deficiências de seu aparato administrativo.

As medidas implementadas, porém, não atingiram as deficiências do sistema empresarial e nem alteraram a estrutura industrial brasileira. Ainda não há estudos conclusivos sobre o impacto da liberação comercial na participação da indústria na produção total da economia e na estrutura industrial, pois não foram registradas queda efetiva da participação da indústria no produto total e a estrutura industrial não sofreu significativas mudanças, mantendo, em realidade, uma certa estabilidade. O destaque da estrutura industrial foi o crescimento do complexo automotivo, setor favorecido pela política industrial das décadas anteriores, e perda da participação do segmento produtor de bens de capital.

A liberação comercial também foi fundamental para a queda da inflação obtida com o Plano Real em 1994, pois a ampliação da oferta de bens importados impediu movimentos de alta dos preços. Além disso, a valorização do real em relação às moedas estrangeiras, em particular ao dólar, no período de julho de 1994 a janeiro de 1999, ampliou o impacto competitivo da liberação comercial, pois reduziu os preços dos bens importados.

Além da ábertura comercial, outros fatores vinculados à situação macroeconômica também afetaram as decisões produtivas e de investimento industrial na década de 1990, entre eles: a manutenção de elevadas taxas de juros internas, as oscilações do nível de atividade econômica e a elevação da carga tributária advindos, em particular, da elevação da tributação cumulativa como o PIS, CPMF e Cofins.

O perfil industrial ao final dos anos de 1990 caracterizou-se pelos seguintes aspectos: as empresas multinacionais aumentaram sua participação nos setores de alimentos, eletrodomésticos e autopeças; preponderância na estrutura industrial, como no passado, das indústrias produtoras de bens de consumo duráveis e de bens intermediários, pois foram os segmentos que obtiveram os maiores ganhos de competitividade, bem como foram os dominantes em termos de introdução de novas técnicas visando qualidade e produtividade; a estrutura industrial não foi alterada e nem da pauta de exportações de bens industrializados; a desindustrialização, prevista com a abertura comercial, não ocorreu na magnitude preconizada ficando restrita a alguns segmentos como o produtor de bens de capital.


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