Como educar a criança sem humilhar, ofender e maltratar



A maior aspiração de todo ser humano em suas rela­ções sociais é a de ser aceito pelos seus semelhantes. Para isso deve ser tratado com igualdade.
A criança não só não é tratada com igualdade, mas muitas vezes com desrespeito e humilhação. Humilhar alguém, é não oferecer a ela as condições de sentir-se com igualdade.

A criança deve ser compreendida e respeitada. Isso não é difícil para pais e professores equilibrados e conscientes da sua missão de educadores.
Compreender a criança é aceitá-la como ela é: um ser humano em formação, na idade da observação, fazendo ex­periências e adquirindo conhecimento, integrando-se ou re­agindo contra o meio, sempre buscando amor e segurança.

Respeitar a criança é reconhecer nela um ser humano. Alguém com personalidade própria que deve ser levado a sério, sem superproteção, mas também sem violências e ar­bitrariedades. Os pais e professores devem entender que pelo respei­to que a criança tem por eles, acredita muito no que eles falam. Portanto, cada frase ou palavra pode ter um peso muito grande. Muitos comportamentos de pessoas adultas hoje, foram causados por palavras sugestivas colocadas por pais ou professores na infância.

São várias as formas de humilhar uma criança, mas as mais comuns são: as palavras depreciativas, expor a criança ao ridículo perante as demais, duvidar da competência da criança ou fazer comparações depreciativas.

As palavras depreciativas ocorrem por ofensas e des­moralizações, diminuindo assim o conceito da criança. As frases mais usadas são: "tu não vales nada", "ninguém te suporta", "como és burro e idiota", "és um incompetente", "você é o maior chato", "você nunca vai dar algo que preste na vida", "você vai ser um fracasso", etc. Com isso a criança pode criar um auto conceito de acordo com o que foi sugeri­do pelos adultos. Isso cria os retraimentos e todos os com­plexos, principalmente o de inferioridade.
É uma série de ofensas que criam humilhações com bloqueio do sentimento de igualdade com o sentimento
de rejeição social.

Muitos pais e até professores, descarregam nas crian­ças seus problemas particulares, insatisfações, conflitos, frus­trações e desequilíbrios. Por seus próprios complexos de in­ferioridade procuram ofender, diminuir, desmoralizar a cri­ança. Uma forma muito comum usada por pais ou professo­res desequilibrados para depreciar as crianças, são as críti­cas. Através destas procuram mostrar ao máximo os erros da criança.
Muitos usam desculpas de que a crítica pode estimu­lar a criança a reagir. Isso funciona em vinte por cento dos casos; em oitenta por cento funciona como fator depreciati­vo e humilhante.
Por isso, é raro que a crítica contribua de maneira efi­caz para estimular a pessoa a melhorar, e quando isso ocor­re, é sob muita tensão e desgaste.

Portanto, a crítica é uma forma de depreciar e de agre­dir a pessoa, pior ainda quando é uma criança.
As pessoas criticam por necessidade de uma auto-afir­mação pessoal perante os outros. Se o outro é horrível, pos­so me sentir menos ruim. Esse é o caso da atitude perma­nente de crítica: como na gangorra, se ponho alguém lá em baixo, posso me sentir lá em cima. Os pais ou professores ao criticarem a criança sentem-se o máximo, os maiorais.

Em graus mais intensos, a crítica faz com que a criança acabe bloqueando muitas de suas potencialidades, prejudi­cando seu desenvolvimento e contribuindo para que ela pas­se a não acreditar em si própria.
Todo educador deve entender que criticar é a tendên­cia a mostrar os erros e as deficiências. Assim, saber que: "as falhas e as deficiências até os ignorantes e imbecis sa­bem apontar, mas a solução somente os sábios apontam".

Assim verificamos que a crítica tem um só objetivo: diminuir, desprestigiar, ridicularizar e humilhar a pessoa a quem ela é dirigida. Isso não educa ou forma a criança, mas destrói a personalidade, criando sérios prejuízos para o seu futuro.

Expor a criança ao ridículo: é desmoralizar ou depreci­ar a criança perante outras pessoas, crianças ou adultas; fazê­-la passar vexame, mostrar suas falhas ou erros perante os outros; castigar para servir de exemplo aos demais; colocar apelidos depreciativos como "chorão", "orelhudo", "baleia", "magrela", etc.; fazer gozação da criança em público ou mes­mo em particular, chamar à atenção para qualquer defeito físico ou de dicção; fazê-la apresentar uma questão perante o grupo, sabendo ou mesmo supondo que ela não está pre­parada didática ou psicologicamente; quando a criança foi mal em uma matéria escolar, chamar a atenção dos colegas ou irmãos para o fato; enfim, qualquer atitude que faça com que a criança se sinta depreciada perante os demais.

Duvidar da competência da criança: muitos pais e pro­fessores fazem isso, como um desafio para estimulá-la e ou­tros para desmoralizar a mesma. Em ambos os casos as con­seqüências são graves. A criança pode reagir de duas for­mas: na primeira, sentindo-se incapaz de competir ou de reagir, criando o conceito de que não tem competência para nada. Na Segunda, criando uma necessidade exagerada de mostrar a sua competência e tornar-se o melhor possível. Na primeira situação, a criança cria limitações não tendo motivação para competir; na segunda, a criança e depois o adulto está sempre querendo provar sua competência em tudo e em todos os momentos, fazendo disso uma neurose e muitas vezes uma obsessão, tornando-se um permanente estressado. Um exemplo que ilustra esse fato é o seguinte: um garoto fez uma redação muito especial, apresentou o seu trabalho, recebeu uma excelente nota, mas como a mãe era também do magistério, a professora, além da nota, acrescen­tou a seguinte observação: "muito bem, pena que foi com auxílio da mamãe". Conhecemos esse garoto já por volta dos vinte anos de idade com um grau de inteligência muito de­senvolvido, mas estressado com muita preocupação com os resultados e com os outros.

Provavelmente a "professora" que assim procedeu, nun­ca ficou sabendo do mal que fez àquele garoto, duvidando da sua competência.

Fazer comparações depreciativas: como já colocamos anteriormente, cada pessoa tem a sua identidade individu­al e por isso não pode ser comparada com ninguém. Muito mais grave para a formação da criança é quando essas com­parações são feitas com o objetivo de depreciar um ou elo­giar o outro. É daí que surgem os rebeldes, revoltados e insatisfeitos.

Os educadores devem ficar sabendo o prejuízo que cau­sam a uma criança ao cometerem o erro de valorizar um, para exemplo do outro. Nos estudos, um pode ter mais faci­lidade que o outro para aprender, por isso sempre conseguir as melhores notas e muitos elogios. O outro, no entanto, não é compreendido na sua dificuldade, na sua individualida­de, e suas notas jamais são elogiadas, mesmo que com mui­to esforço, por serem menos que as do outro. Todos os elogi­os devem ser ao esforço dispendido e não ao resultado. Ja­mais colocar alguém como exemplo para o outro. Muitas vezes as atitudes comparativas chegam mesmo ao extremo da depreciação como: "olha como fulano é inteligente, você não vale nem o tempo que se gasta", "fulano faz corretamen­te, você é um atrapalhado", "fulano é capaz, você não", as­sim muitas outras comparações que vão depreciar o concei­to perante os outros.

O filho que é sempre comparado de forma depreciati­va, corre o risco de ter comportamentos regressivos, e para piorar tudo, de ser levado para algum tratamento especializa­do. Com o tratamento o problema pode se agravar, pois as­sim se torna mais evidente que o mesmo é um problemático e que o irmão é o correto. Nestes casos, o tratamento deve visar os pais e não a criança que é vítima do ambiente fami­liar.

Quando ocorre este fato pode-se estar cometendo dois erros: um para com a criança que é depreciada, criando os complexos, e para o que é elogiado, criando o conceito de que é o máximo, e que não precisa fazer muito esforço e tornar-se displicente com os seus compromissos. Muitas vezes, perde a motivação própria agindo pelos outros.

O verdadeiro educador é aquele que está ao lado para dar o seu apoio em qualquer situação, não humilha, não de­precia e principalmente respeita.
Como foi colocado antes, muitos pais e professores re­fletem no tratamento dos filhos e dos alunos, o seu próprio interior de harmonia ou desequilíbrios.

Compreender, respeitar e não humilhar a criança tor­na-se mais fácil se os educadores entenderem que estão li­dando com o futuro de um ser humano, que é o que de mais precioso pode existir. O relacionamento entre educadores e educandos deve basear-se na amizade e no respeito. Se os adultos podem ter amizade e respeito por outro adulto, de­vido ao bom senso, muito mais importante que ocorra com as crianças que estão aprendendo para o seu futuro. Por isso respeitar uma criança, muito mais do que bom senso é uma atitude de equilíbrio e boa educação.

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2 comentários :

Anônimo disse... [Responder comentário]

Olá, gostei muito do artigo, pois quando era criança sempre fui humilhada e maltratada por minha mãe. El anunca acreditava no que eu dizia e me batia muito até se eu caia e sujava a minha roupa apanha a tarde toda. Também me trancava em um quarto escuro e dizia que monstros iam me pegar, hoje sou adulta, mas choro por qualquer coisa aparentemente meio que sem motivo. Acho que eu deveria fazer terapia?

Elizeu Timóteo Pereira disse... [Responder comentário]

Olá boa noite!

Puxa! que comportamento terrível sua mãe tinha! Pelo que você disse, isso com certeza já se caracteriza uma situação de tortura, pois acredito que não havia nenhum motivo para ela agir desta forma, e mesmo se houvesse, não deveria agir assim! Provavelmente, essas agressões ficaram gravadas em seu subconsciente. Por esta razão é que você tem o emocional abalado.
Acredito sim, que fazer terapia poderá atenuar bastante o seu problema!

Desculpa a demora em responder, pois estou muito atarefado ultimamente!

Volte sempre e obrigado por comentar e expor um problema pessoal!

Abraço e se cuida!

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