Hipotireoidismo: sintomas e tratamento



Quando a glândula é preguiçosa, o corpo inteiro entra no mesmo ritmo indolente. Conheça agora os caminhos para tratar com mais eficiência esse distúrbio, conhecido como hipotireoidismo.
Um cansaço devastador que chega para ficar. O sono que sempre aparece bem no meio do dia. Sem contar que as pernas incham, o peso aumenta, o raciocínio fica lento ... Esses são sinais de que a tireoide, uma pequena glândula em forma de borboleta na base do pescoço, não anda trabalhando como deveria, produzindo ade­quadamente os hormônios que regulam o funcionamento do corpo, dos pés à cabeça.

É bom que o diagnóstico seja feito quan­to antes. Perder tempo significa prolon­gar a sensação de que falta gás para tudo. E tem mais: a terapia não surte efeito de uma hora para outra. Sem contar que, às vezes, demora para o médico encontrar a dose ideal do hormônio a ser reposto. Esse, aliás, é o xis da questão. Pesquisadores de dois centros de saúde britânicos acabam de constatar que de 40 a 48% dos porta­dores de hipotireoidismo estão sendo mal, medicados. Isto é, recebem hormônio em; excesso ou em dose insuficiente, conforme e estudos sobre o hipotireoidismo, que foi publicada no periódico científi­co British Medical Journal. "O tratamento é feito com levotiroxina, uma versão sintética do hormônio T4 fabricado pela tireoide", explica a endocrinologista Denise Iezzi, do Hospital Sírio-Libanês, em São Paulo. "Por meio da ação de enzimas, ele se transforma em T3. Este, por sua vez, age nas células de todo o corpo, acelerando sua atividade", continua o endocrinologista Alex Carvalho Leite, do Hospital e Maternidade São Luiz, em São Paulo. Traduzindo: a substância mantém o ritmo cardíaco, a temperatura corporal e as funções neurológicas, entre muitas outras.

Se, no entanto, a dose do tal hormônio está menor do que deveria e ele continu­ar em falta, o organismo funcionará em marcha lenta. "Se, ao contrário, a quantidade de remé­dio passar da conta, surgirão distúrbios como ansiedade, insônia, taquicardia e calor excessivo", descreve o endocrinolo­gista Luciano Giacaglia, do Hospital Ale­mão Oswaldo Cruz, em São Paulo.

O hipotireoidismo pode estar por trás até mesmo da infertilidade. "A disfunção da glândula leva a um aumento nos níveis de prolactina, hormômo que, em excesso, diminui a capacidade de concepção", explica a endocrinologista Adriana Mendes, da Universidade Estadual Paulista, em Botucatu, no interior de São Paulo. "Sem contar que a deficiência hor­monal provoca o acúmulo de proteínas que causam inchaços em regiões diversas, como pálpebras, pele, intestino e, final­mente, o útero. Isso também pode tornar uma gravidez inviável", avisa.

Aliás, vale ressaltar a necessidade de rastrear a doença na gestação. "Algumas mulheres só manifestam o hipotireoidis­mo quando engravidam. E os hormômos tireoidianos são fundamentais para o desenvolvimento do bebê, principalmen­te do sistema nervoso", alerta a endocri­nologista Sandra Villares, dos Hospitais das Clínicas e Edmundo Vasconcelos, ambos em São Paulo.

DOSES ANUAIS

Nem as crianças estão totalmente livres da disfunção, embora ela seja mais rara entre elas. "Os hormônios tireoidianos são importantes para que cresçam direi­to", diz Sandra Villares. A boa notícia é que o teste do pezinho, exame obrigató­rio para recém-nascidos, detecta precoce­mente eventuais alterações na tireoide.

Outro alerta importante é para os desavisados que ingerem fórmulas manipuladas para emagrecer. "Algumas contêm hormômo T3. Seu uso indiscri­minado não só desregula e atrofia a tireoide, levando a um quadro de hipoti­reoidismo, como faz com que o organis­mo queime massa muscular em vez de gordura", avisa Giacaglia.

O recado que vale para todas as mulhe­res, as principais vítimas do problema, quem dá é o patologista Hélio Magarinos, diretor do laboratório Richet, no Rio de Janeiro: "É recomendável fazer um exame de sangue anual para dosar o TSH e o T4 livre e detectar carências antes mesmo de os sintomas darem as caras", aconselha. Sem falar nos grupos específicos que tam­bém são mais propensos ao hipotireoidis­mo e, por isso mesmo, precisam ficar atentos.

Com o resultado do teste em mãos, o especialista chega ao diagnóstico: "TSH muito alto e T4 abaixo da média signifi­cam que o primeiro está insistindo em estimular a glândula porque ela não está respondendo", explica Alex Leite. Aí, é hora de a levotiroxina entrar em cena. "Normalmente, introduzimos a medica­ção com uma dose baixa e vamos aumen­tando progressivamente até atingir a quantidade ideal, umas seis semanas mais tarde", diz Adriana Mendes. Isso diminuiu a chance de que a concentra­ção exceda o necessário.

O médico deve considerar que a droga leva cerca de 15 dias para começar a fazer efeito. "Mas algumas vezes pode demo­rar até um mês e meio até que as taxas de TSH e T4 comecem a se normalizar", avisa Denise. A dose inicial também depende das condições de saúde do indi­víduo. "Os idosos, por exemplo, recebem uma quantidade menor. Já para as pesso­as que foram submetidas à retirada da glândula, a carga é geralmente maior. "Normalmente, todos os pacientes res­pondem bem à levotiroxina, mas em raros casos há resistência do organismo ao hormônio. "Então, é necessário aumentar significativamente a dosagem da medicação", diz Giacaglia.

Além de ouvir relatos sobre possíveis efeitos colaterais, para fazer o ajuste no remédio o especialista deve solicitar dosa­gens hormonais periódicas. Uma vez estabilizada a doença, o controle semes­tral é imprescindível. Vale lembrar que o hipotireoidismo descompensado pode levar a consequências graves, como pro­blemas cognitivos, insuficiência cardíaca e até coma: Por isso vale a pena espantar a preguiça da tireoide e aguentar firme essa fase de adaptação ao tratamento.

DEVAGAR QUASE PARANDO

Estes são os principais sintomas do hipotireoidismo:

- Fadiga
- Sonolência
- Raciocínio lento
- Intolerância ao frio
- Depressão
- Aumento de peso
- Constipação
- Inchaço sob os olhos
- Batimentos cardíacos lentos
- Aumento de colesterol
- Alteração de consciência
- Enfraquecimento das unhas e dos cabelos
- Pele seca e pálida
- Inchaço nas pernas
- Digestão lenta
- Irregularidades menstruais
- Redução da sudorese

ALVOS FÁCEIS

"Portadores de doenças autoimunes, como lúpus, diabete do tipo 1 e hepatite C, são naturalmente mais propensos ao hipotireoidismo", alerta a endocrinologista Adriana Mendes, da Universidade Estadual de São Paulo, em Botucatu, no interior paulista. "O mesmo acontece com quem tem uma síndrome genética, como a de Down e a de Turner". Os cuidados, nesses casos, têm que ser redobrados. "Da mesma forma, pacientes que se submeteram a tratamento radioativo ou com medicamentos como o lítio, usado contra a depressão, ou que têm o sistema imune um tanto comprometido também devem fazer uma dosagem hormonal preventiva", continua. A especialista lembra que a doença é muito mais comum em mulheres, e que o risco sempre aumenta com a idade. Por isso, é recomendável que gente madura tenha um acompanhamento da tireoide mais rigoroso.

Pacientes de hipotireoidismo submetidos à cirurgia bariátrica e que, por isso não absorvem tão bem a medicação também precisam de um controle mais intenso das taxas hormonais.

FÁBRICA HORMONAL

Entenda como a tireoide trabalha e o que acontece quando ela dá chabu...

1. A hipófise, glândula localizada no cérebro, é responsável por liberar na corrente sanguínea o hormônio TSH - sigla em inglês para hormônio de estimulação da tireoide. Como o próprio nome sugere, ele entra em contato com a glândula e ordena que comece a trabalhar.


2. Ao receber o comando do TSH, a tireoide passa a produzir os hormônios 13 (tri-iodotironina) e T4 (tiroxina). Quando a dupla cai na circulação, é distribuída para as células do corpo todo, acelerando sua atividade.





 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
ENCRENCOU
 
Alguns percalços podem fazer com que a hipófise pare de secretar o TSH a contento. Sem quantidades suficientes desse manda-chuva, a tireoide deixa de funcionar como deveria. Outra encrenca comum é a tireoidite de Hashimoto, uma doença autoimune em que anticorpos passam a atacar a glândula do pescoço, comprometendo sua função. Por fim, tratamentos que envolvem substâncias radioativas, alguns medicamentos e até mesmo certas cirurgias também podem levar ao hipotireoidismo.
 
GARANTA O EFEITO
 
Na hora de tomar o hormônio sintético, é preciso ficar atento a algumas recomendações. "Para garantir uma assimilação adequada, engula o comprimido em jejum, com água, pelo menos meia hora antes do café-da-manhã", ensina a endocrinologista Denise Iezzi. "Espere pelo menos quatro horas para tomar suplementos, especialmente os de cálcio, ferro e vitaminas, porque esses nutrientes atrapalham o aproveitamento da substância", completa Alex Carvalho Leite. Algumas drogas também interferem no tratamento, como protetores gástricos e antidepressivos. Consulte seu médico sobre o melhor horário para tomá-los. "Procure consumir sempre a mesma marca do hormônio, porque pode haver uma diferença sutil na composição dessas pílulas. E, no caso do hipotireoidismo, nunca recorra a drogas manipuladas", aconselha Adriana Mendes. Por fim, só retire o comprimido da embalagem na hora de ingerí-lo. É que a umidade, o calor e a luz são capazes de degradá-lo.

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2 comentários :

Maria Amelia Monteiro disse... [Responder comentário]

Este blogue deu-me informacoes extras sobre o meu problema. Alem disso fiquei a saber como melhorar o tratamento, tais como medicamentos e evitar (pelo menos ao mesmo tempo) quando tomar o comprimido para a cura do hipotiroidismo

Elizeu Timóteo Pereira disse... [Responder comentário]

Olá Maria!

Fico contente que conseguiu encontrar o que procurava!

Obrigado pelo seu comentário, e volte sempre!
Abraço.

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