Por que é difícil a coleta de informações para o ABC?

A maioria das empresas subestima seriamente a magnitude da tarefa de levantamento das informações necessárias à implemen­tação do sistema ABC. Um dos motivos é o fato de o ABC ser muito mais detalhado e complexo do que a contabilidade de custos tradi­cional.

Os sistemas convencionais aglomeram muitos custos em grupos ou categorias heterogêneas de despesas indiretas. No ABC, cada um desses grupos se desmembra numa grande quantidade de atividades ABC e talvez sejam necessárias centenas de análi­ses para identificar e reunir as informações sobre cada atividade. Além disso, o sistema ABC utiliza muito mais indicadores estatísti­cos do que os sistemas tradicionais para o rateio dos custos indire­tos entre produtos, processos, canais de distribuição, clientes e mercados. A contabilidade de custos tradicional quase sempre uti­liza apenas uma ou duas medidas estatísticas, como a quantidade de horas de mão-de-obra direta consumida por cada produto, para a alocação dos custos indiretos aos produtos. O sistema ABC típi­co recorre a dezenas de vetores de custos, variando da quantida
de de componentes à quantidade de visitas de venda, para a apropriação dos custos às atividades.

　

Outro motivo que torna o levantamento de dados tão demorado, sobretudo no começo, é o tempo necessário para identificar as informações imprescindíveis ao desenvolvimento do sistema ABC. Muitas empresas embarcam na tarefa e terminam com uma montanha de informações excessivamente detalhadas, que sobrecarregam o pessoal e os sistemas de computador. Quando a Chrysler instalou o ABC na primeira fábrica, uma unidade de estampagem em Warren, Michigan, a quantidade de informações coletadas superou em três vezes as possibilidades de aplicação prática. Em razão desse excesso desnecessário, a fase de coleta de informações consumiu duas vezes os recursos que hoje seriam absorvidos pela mesma tarefa, considerando os conhecimentos e a experiência da empresa. Do mesmo modo, o negócio de peças de reposição da Chrysler, Mopar, enfrentou uma enxurrada de dados ao tentar implementar o sistema ABC para cada uma das 250.000 peças em estoque. Finalmente, a Mopar decidiu custear 60 grupos de produtos, grandes e pequenos, o que reduziu a quantidade de dados para um nível gerenciável, mas ainda extremamente útil.

　

A Safety-Kleen também constatou que às vezes menos representa mais. Quando a equipe de implementação estava ajudando as unidades a desenvolver os sistemas ABC, muitos gerentes pressionaram a equipe para incluir uma grande quantidade de detalhes nos modelos ABC. No entanto, a equipe ficou preocupada com o risco de que os detalhes implodissem os sistemas e concluiu que boa parte das informações solicitadas não eram importantes para a determinação dos custos. Ante a insistência dos gerentes, a equipe negociou o seguinte acordo: 75% das informações seriam incluídas no modelo ABC e se desenvolveria outro sistema estatístico de acompanhamento do desempenho, abrangendo as demais informações.

Empresa que mais investiu em treinamento ABC para os funcionários

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