Disciplina e bom senso: como disciplinar a criança?



Após muitas teorias que falavam sobre disciplinas rí­gidas e outras em liberalidade ou permissividade, chegou-­se à uma conclusão de bom senso. Com o tempo os defenso­res dos extremismos perceberam que algumas coisas havi­am falhado.


Após alguns resultados negativos, coube ao pe­diatra americano Benjamim Spock, iniciar a caminhada para o que no momento sabemos ser importante para a formação da criança.
Mais tarde, os estudos sobre comportamento e menta­lidade infantis definiram que os dois extremos ou seja: um muito exigente, com regras severas e ausência de qualquer demonstração de carinho e o outro desenvolvido pelos pais que sofriam na carne as deficiências da educação rígida e severa, passaram para o outro extremo, fazendo todas as vontades dos filhos, onde tudo lhes era permitido, que am­bos eram negativos para a formação da criança.

As conclusões das pesquisas chegaram a um consenso no qual definiram que a criança é um ser em formação, cuja educação necessita de orientação, disciplina, exemplos, amor e segurança.
Orientar uma criança não é obrigar, coagir, agredir sua pessoa ou seu físico. Mas também não é deixar que ela faça o que deseja quando não deve, por sua inexperiência, condiçoes de escolher certo, ou pelo menos mais certo. É im­portante acrescentar que o bom senso em lidar com a crian­ça, gera na mesma uma confiança nos pais e isso lhe dá se­gurança.

Atualmente é questão definida a necessidade de serem estabelecidas para as crianças a partir do nascimento, regras disciplinares que delimitem, ainda que com carinho, suas formas de conduta.
Essa disciplina bem dosada, firme, ainda que compla­cente, dá às crianças, útil e precoce sensação de segurança, pois evita que elas, por esforço próprio e cansativo, procu­rem descobrir ou intuir o que será, ou não, lícito fazer.

A disciplina é indispensável para uma criança. A dis­ciplina é essencial para o crescimento e desenvolvimento sadios e constitui parte integrante do aprendizado. Regras, regulamentos, leis e princípios governam quase todas as ati­vidades humanas.

As regras, regulamentos e expectativas que regulam a conduta da criança, constituem a disciplina. Ensinar o filho a seguir as regras e regulamentos, ajuda-o a adaptar-se ao mundo e a ter um comportamento socialmente agradável. Dessa forma, o filho aprende a ter noção dos direitos dos outros e a respeitar esses direitos. Além disso, a disciplina ajuda a criança a não proceder unicamente de acordo com seus próprios impulsos, sem considerar os sentimentos dos outros.

A disciplina tem muitas outras funções na criança em crescimento. Estabelece que o mundo é um lugar organiza­do e a disciplina torna as coisas organizadas e previsíveis. Cria estabilidade à estrutura social e a torna mais compre­ensível. A linguagem por exemplo, é um tipo de organiza­ção que tem suas regras e regulamentos e contribui para a comunicação entre as pessoas. Sem a disciplina não há co­municação, só o caos.

Dis­ciplina não é sinônimo de castigo. Esses dois termos são mui­to confundidos, quando se descrevem as formas de se lidar com as crianças. Embora o castigo seja, basicamente, dife­rente da disciplina, sua existência está implícita no concei­to da disciplina. O castigo é uma espécie de multa, ou o preço que se paga por se desviar das regras e regulamentos estabelecidos.

Disciplinar o filho mostra a ele que existe interesse pelo seu comportamento e com a sua maneira de agir. Como fala­remos adiante, instituir a disciplina para o filho e aplicá-la deve ser considerado como uma expressão de amor. A cri­ança poderá interpretar a falta de disciplina como uma indi­cação de que não se tem interesse por ela. Mas é pré-requisi­to, para bem disciplinar o filho, que ele perceba que tam­bém é querido e amado.

É de consenso geral que o cotidiano infantil está reple­to de situações que exigem limites e disciplina desde o ber­ço. Se eles não forem estabelecidos e mantidos, terão refle­xos a curto, médio e longo prazo. A disciplina é importante na formação da personalidade e serve para fazer a criança começar a entender que o mundo é de todos. Não é apenas dela.

No plano disciplinar da criança tem um princípio im­portante que é a disciplina dos educadores.
Quando os pais não estão bem preparados emocional­mente, podem ser levados pela pena de aplicar as normas disciplinares. Esse motivo é a principal causa dos hábitos de indisciplina da criança. Os pais devem entender que dis­ciplina é, na sua essência, um ato de amor. Quando não existe disciplina, também não existe o verdadeiro e sadio amor.

Entendendo que disciplina é um ato de amor, os pais devem eliminar qualquer sentimento de culpa. É preciso co­ragem e amor para educar as crianças com disciplina.

Como foi colocado antes, a disciplina deve iniciar logo após o nascimento da criança, iniciando pelo choro que deve ser administrado pelos pais, os quais não devem ficar cor­rendo e atendendo cada vez que o bebê chora. Assim tam­bém em relação à chupeta: o importante é disciplinar a cri­ança para usá-la apenas de forma organizada pelos pais. O mesmo procedimento deve ser com a alimentação da crian­ça, que não pode ser de acordo com o choro, mas conforme suas necessidades e horários estabelecidos pelos pais.

Pais que entendem qualquer choro como necessidade de mamar e sempre oferecem comida, sem perceber qual é o ver­dadeiro significado do mesmo, não estão disciplinando a cri­ança, mas com este tipo de conduta, correm o risco de estar formando um adulto que, diante de qualquer contratempo, vai procurar comida em lugar de tentar resolver seu problema.

A partir daí, surge o período em que a criança passa a solicitar colo e nisso também deve ser disciplinada. Na se­qüência engatinha, e logo depois os primeiros passos, onde vai exigir uma disciplina maior. A partir de tudo isso, a cri­ança deve ser disciplinada. Ela estará começando a contro­lar os seus movimentos, apanhando as coisas, se quiser, ou largando- as, se quiser. Embora o preparo físico da criança seja uma condição importante como ponto de referência para se aplicar a disciplina, talvez a necessidade mais importan­te seja a de que ela tenha sentido uma sensação profunda e sincera de amor e segurança nos adultos. É a partir dessa sensação que vem principalmente das pessoas mais ligadas a ela, que desenvolve a confiança mesmo inconsciente de estar sendo guiada através da disciplina. É por este motivo que o princípio de tudo está na família e principalmente através dos pais. Quando a criança percebe e sente que seus pais a amam, tem uma forte tendência para obedecer às re­gras disciplinares como parte de toda essa relação de amor.

Na aplicação da disciplina, um dos pontos vitais é a coerência. À medida que a criança cresce, os pais lhe dão uma imagem não do que ela e eles são, mas também do mundo maior. A criança saudável observa seus pais quando encontra pessoas novas, para verificar se está em segurança para interagir com elas; ela também utiliza os pais como base para explorar a atividade que realiza e obter retorno em re­lação a ela. Assim, sendo elogiado quando conseguir algo agradável ou admoestado quando fizer algo desagradável, é que a criança adquire um sentido do mundo e do que pode e do que não pode fazer nele. Se as respostas a seu comporta­mento forem coerentes, ela adquire uma visão mais sólida e clara, obtém uma boa noção do que é permitido ou não fa­zer, o que é seguro ou perigoso, o que é agradável ou desa­gradável, o que é saudável ou não. Não existem pais nem adultos inteiramente coerentes, mas uma imagem global, de fato, surge diante da criança.

É fato determinante que a coerência seja algo desejá­vel, especialmente na aplicação da disciplina. Lamentavel­mente, o principal motivo por que os pais não agem com coerência é por terem pontos de vista diferentes.

Com a incoerência dos pais, a criança pode crescer com a idéia de que pode agir de formas diferentes para a mesma situação e assim gera a indisciplina. Podemos citar como exemplo o seguinte fato: o pai chegou à conclusão de que o filho deveria largar a mamadeira; a mãe ao contrário tinha pena de privá-Io da mesma. A partir daí, não chegando a um acordo, a mãe passou a dar a mamadeira para o filho somen­te na ausência do pai. Com esta atitude a criança passou a ter regras diferentes para a mesma situação.

As principais situações de incoerência se desenvolvem através das palavras "sim"ou "não", quando não são coloca­das com determinação pela mesma pessoa ou por pessoas diferentes. Exemplo comum dessa situação é quando para uma solicitação ou atitude da criança um dos pais concorda dizendo "sim" e o outro discorda dizendo "não". Mais grave ainda é quando a mesma pessoa que disse "sim" ou "não" volta atrás admitindo o contrário.

Muitas vezes a falta de coerência surge por um proces­so de compensação, ou seja: quando o pai é muito severo, a mãe procura ser a boazinha, ou ao contrário como uma for­ma de amenizar a situação. Um exige, o outro libera; um castiga, o outro consola; um proíbe e o outro permite. As­sim, o ambiente indisciplinado cria uma confusão na for­mação da criança.

A permissão ou não, faz com que a criança encontre uma referência externa a sua conduta. Essa referência que a criança vai formando dentro de si servirá de base para ter segurança nas suas ações futuras.
A permissão não se expressa simplesmente em pala­vras, ela pode estar no olhar, na forma como é colocada ou no tom da voz. Muitas vezes é colocado uma proibição com uma tonalidade de permissão como: "acho que não", a cri­ança faz assim mesmo e nada lhe acontece. Por outro lado pode haver uma permissão com uma expressão de proibi­ção como: "vai, vai, deixa de encher o saco".
A criança está descobrindo o mundo, o que pode ou não pode através das pessoas. Sendo os pais o principal ponto de referência para isso.

Na disciplina, os extremos como: não permitir nada ou permitir tudo, são negativos. A coerência é que determina o equilíbrio.

Pais que realmente querem educar os filhos com disci­plina e amor, não podem cada um querer fazer valer a sua opinião, pois isso faz com que o filho sinta- se inseguro e sem orientação.
Na educação dos filhos, deve haver firmeza, clareza, certeza, união, coerência, amor, objetivo claro e direção. Tudo isso se transmite através da disciplina.

Gostou do artigo? Compartilhe nas redes sociais!


Encontrou o que procurava? O blog lhe foi útil? Então, curta o Yesachei no Facebook!

0 comentários :

Postar um comentário

Atenção!

Faça seu comentário, mas sempre com responsabilidade, caso contrário, ele não será publicado!

Não serão aceitos comentários que denigram pessoas, raças, religião, marcas e empresas.

Sua opinião é importantíssima para o crescimento do blog. Portanto, comente, o blog agradece!

2leep.com