Acaí, a fruta guardiã



A polpa cremosa dessa espécie da Amazônia prova, lá fora, que realmente protege contra doenças do coração e inflamações crônicas




 
 O sorriso roxo entrega: a pes­soa acabou de devorar uma tigela de açaí. O pigmento que tinge os dentes por bre­ves instantes - a antocianina - é uma das substâncias que conferem ao peque­no fruto do açaizeiro uma gigantesca ca­pacidade de combater os radicais livres, moléculas que arrasam as células do nos­so corpo. Não é de hoje que se sabe que a polpa escura é repleta de ingredientes protetores. Mas pairava a seguinte dúvi­da: será que o organismo humano che­garia a absorvê-las? Sim, porque de nada adiantaria as frutinhas estarem lotadas de moléculas benéficas se elas não con­seguissem entrar em ação.

Apesar de o açaí ser tão nosso, foi pre­ciso que viajasse a outro continente para que a ciência colocasse um ponto final nesse tipo de questionamento. Segundo um trabalho publicado no periódico ame­ricano Journal of Agricultural and Food Chemistry, que reuniu cientistas de se­te instituições do Canadá e dos Estados Unidos - entre elas, a Universidade do Arkansas -, o que o corpo humano aproveita da polpa é mais do que satisfa­tório. "Colhemos amostras de sangue de voluntários duas horas depois de terem consumido um suco de açaí e encontra­mos uma quantidade três vezes maior do que o habitual de moléculas antio­xidantes", conta empolgado Alexander Schauss, um dos autores.

Os cientistas não negam: apenas uma pequena porção dos componentes vai pa­rar na corrente sanguínea. "O surpreen­dente, porém, é que isso já produz gran­des resultados", diz Schauss. Seu colega Gitte Jensen, que também participou da investigação, acrescenta: "Esses antio­xidantes não se limitam a neutralizar a oxidação na parte externa das células. Eles penetram nelas e por isso o efeito protetor é tão forte",

Outros testes desenvolvidos pelo mes­mo time de pesquisadores apontam que tanto a polpa como o suco ajudam a reduzir consideravelmente substân­cias inflamatórias ligadas a doenças do coração, à artrite e à obesidade - por mais paradoxal que seja nesse último caso, já que o açaí é bem calórico.

O AÇAÍ CONTÉM ATÉ ... 

2 vezes a quantidade antocianinas, se comparado ao morango

3 vezes antioxidantes que a uva roxa

10 vezes mais substâncias benéficas que o mirtilo.




Não dá para cair de boca na tigela, por mais que as promessas de beneficios se­jam tentadoras. Por ser extremamente calórico, o açaí deve ser consumido com moderação. "Metade da composição de sua polpa são gorduras", conta o especia­lista em tecnologia de alimentos Fagner de Aguiar, da Universidade Federal do Pará. "Ainda bem que a maior parte de­las é do tipo poli-insaturado, que pro­tege o peito." Faz bem ao coração, mas não engorda menos - vale sempre fri­sar. Então, quem anda preocupado com a balança deve se limitar a um copo de suco de aproximadamente 300 milili­tros por dia ou uma tigela pequena da polpa da fruta - sem nada extra.

O alimento é recomendado especial­mente para quem faz atividade fisica. A combinação de calorias e proteínas é ideal para repor o que atletas perderam durante o treino. E, por falar em pro­teínas, o açaí possui uma quantidade considerável do nutriente. "Cem gramas dele já fornecem cerca de 25% da reco­mendação diária", confirma a engenhei­ra de alimentos Miriam Hubinger, da Universidade Estadual de Campinas, a Unicamp, que fica no interior paulista. "E as fibras, importantíssimas para o funcionamento do intestino, chegam a 90% da indicação diária sugerida", diz.

A especialista em tecnologia de ali­mentos Cristineide Perro, do Instituto Brasileiro de Tecnologias Sociais, em Fortaleza, no Ceará, chama a atenção ainda para a quantidade de minerais que o açaí contém: "Sobressaem o cál­do, essencial para os ossos, e o fósforo, que ajuda a fixá-lo no esqueleto", diz ela. "O mix de minerais também ajuda a prevenir problemas de memória e fra­queza fisica." Portanto, com moderação, vale a pena os não-atletas aderirem à on­da da fruta e colocar a guardiã no copo, no prato e, claro, na tigela.  

 Sentimos avisar: a polpa de açaí congelada, que a gente já encontra à venda em todo o país, perde algumas de suas vantagens quando comparada com a fresca. "Parte das antocianinas presentes na fruta se degrada no congelamento e, ainda mais, na hora de descongelar", ensina Fagner Aguiar. Mas não tem outro jeito de saborear o açaí longe da floresta, não é mesmo? Então, aproveite mesmo assim - ele, afinal, é tão rico que a porção de nutrientes restantes ainda será imensa. Dica fundamental: compre polpas de excelente procedência. "Esse procedimento assegura que o alimento está livre de qualquer contaminação" , ensina Miriam Hubinger.



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