Como salienta Altieri, após três décadas de implantação do padrão da revolução verde, ou "modernizante" da agricultura convencional, a prática tem se mostrado insustentável, não só pelo aumento da pobreza e o aprofundamento das desigualdades, mas também pelos impactos ambientais negativos causados pelo desmatamento continuado, pela redução dos padrões de diversidade pre-existentes, pela intensa degradação dos solos agrícolas e contaminaçao química dos recursos naturais, entre tantos outros impactos.
Neste mesmo enfoque sobre insustentabilidade, Gliessman, enfatiza que o uso abusivo dos insumos agroquímicos significou para os sistemas produtivos, redução da eficiência energética e aumento dos custos de produção. Em resumo, segundo este autor, "a agricultura moderna é insustentável - ela não pode continuar a produzir comida suficiente para a população global, em longo prazo, porque ela deteriora as condições que a tornam possível".
Corroborando estas afirmações, a Academia Nacional de Ciências dos Estados Unidos publicou um estudo indicando que os pesticidas, na verdade, diminuem o volume das colheitas em um terço.
As conseqüências, para o meio-ambiente, de produtos químicos sintéticos que põem em risco a fixação simbiótica de nitrogênio, são: um aumento na dependência de adubos sintéticos redução na fertilidade do solo e um volume de colheitas insustentável em longo prazo.
Reforçando esta linha de produtivista e impactante da agricultura convencional, um dos grandes pensadores da Ecor Ecológica, Martinez Alier, enfatiza bem a crítica do impacto da agricultura convencional e diz que: hoje nos damos conta dos efeitos ambientais da agricultura moderna na (contaminação dos alimentos, da água, destruição ou abandono dos recursos genéticos, uso energias esgotáveis dos combustíveis fósseis), efeitos não são medidos pelo mercado, e por isso os economistas lhes dão o nome de "externalidades", ou seja, efeitos externos ao mercado. Então, devemos duvidar de que a agricultura moderna seja realmente produtiva, pois os aumentos considerados de produtividade (por hectare ou ainda mais por hora de trabalho) se medem diminuindo o valor dos insumos do valor da produção, e ainda dividindo o resultado pela quantidade de insumo cuja produtividade medimos. Assim, a produtividade da agricultura moderna é por hectare e, ainda mais, por hora de trabalho, maior que a da agricultura tradicional. porém, claro está, os valores da produção e dos insumos estão mal medidos por não incluírem as externalidades e por não considerarem a destruição das próprias condições da produção agrária.
Outro crítico sobre este padrão produtivista da agricultura convencional é o Professor Ademar Romeiro que se opõe de longa data e critica o atual padrão demodernização agrícola, o qual gira em torno do dilema entre conservação do ecossistema agrícola e produção abundante e barata de alimentos. Para os que acreditam somente na modernização da agricultura via agricultura convencional, o progresso técnico seria capaz de resolver todos os problemas ecológicos sem que fosse necessário mudar conscientemente os atuais padrões de produção e consumo.
Para Romeiro, o que se propõe é uma agricultura mais ecológica, racional com base no que há de mais avançado em matéria de conhecimento científico e tecnológico. A partir da concepção de tecnologias agrícolas fundadas no manejo inteligente das próprias forças da natureza. Além do mais, o aumento da produção agrícola foi acompanhado de uma redução das oportunidades de emprego, configurando um processo de crescimento econômico excludente. Isso se deve ao fato que as elites brasileiras jamais tiveram quaisquer compromissos com a grande massa da população para uma realização de um projeto nacional de desenvolvimento não excludente. Portanto, o resultado é que as sociedades bumanas têm modificado ecossistemas em grande escala já há milênios e, nos últimos 150 anos, vêm fazendo isso de forma dramática a ponto de influenciar o clima do planeta. Isto tudo se complica, porque o macrossistema econômico é sempre visto ou entendido como o todo, e não como uma parte ou subsistema de um sistema maior, o ecossistema.
Como mostra Herman Daly, na compreensão dos economistas da teoria econômica padrão, a natureza é apenas um setor, um compartimento do sistema econômico, que tem a forma de florestas, pescas, agricultura, extrativismos, ecoturismo, etc. Sua função não é a de conter, de sustentar, de prover servjços biofísicos à economia, como efetivamente ocorre. Ou seja, a natureza envolve, abriga as atividades econômicas.
Então, para sair dessa perspectiva sem futuro, precisa-se mudar o paradigma de desenvolvimento, principalmente para agricultura convencional abandonando-se a crença no crescimento ilimitado. A tanto corresponde adotar-se uma nova ética, não-economicista, de visão da economia e gestão dos recursos naturais, abandonando-se o paradigma vigente, que tem sido ecologicamente predatório, além de socialmente injusto. Ao crescimento da economia, alguns recursos naturais irão desaparecer, algumas atividades ecossistêmicas serão prejudicadas. Uma proposta de desenvolvimento viável não pode escamotear essa realidade e deve oferecer caminhos que permitam progresso material com capacidade de suporte - ou seja, nos limites - dos ecossistemas. Cabe, portanto, a todos os atores da sociedade, e do governo, assimilar a noção de que é tarefa comum a gestão dos recursos naturais numa perspectiva de progresso que seja ecologicamente responsável. Ou seja, trata-se de buscar um padrão de desenvolvimento ecologicamente suportável e socialmente justo, que siga também os parâmetros da eficiência econômica.
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