Obidiência, desobidiência e seus princípios



Esta palavra, por muitos, é interpretada apenas como algo negativo. Ao mesmo tempo, muitos educadores pensa­vam que a obediência deveria ser imposta, a todo custo e de qualquer forma. Dessa maneira faziam com que a criança, no lugar de obediente, se tornasse submissa.

Uma das principais características da obediência é a liberdade, pois todo ato que não é livre é uma submissão. A liberdade é uma característica natural e deve ser respeitada pelos pais.
Para muitos pais, a desobediência é tida como algo in­desejável, pois coloca em dúvida sua autoridade; sua ocor­rência não é, contudo, um elemento prejudicial à formação da personalidade, como muitos supõem.
A obediência sistemática é tão indesejável quanto a de­sobediência, porque, se esta indica potencialidades ou re­beldia, aquela sugere a tendência à submissão de indivídu­os limitados ou pouco criativos.

A desobediência ocorre em graus variados em todos os estágios do desenvolvimento humano e de formas diferen­tes. Para a criança pequena, a desobediência nada significa até começar a perceber que os pais têm reações diferentes, quando ela não respeita uma orientação. A partir daí, ela começa a entender o que os pais querem e o que não que­rem. Isso ocorre, quando a criança entende o estabelecimento de controle e dos limites. A partir dessa fase, pode ocorrer o que já foi citado sobre os limites, em que a criança pode tentar desafiar os adultos, como para medir forças. Isso po­derá ocorrer em outras fases, como uma força de descobrir a segurança e a coerência dos educadores nas orientações.

 Nesses casos, cabe aos pais e depois aos professores, em pri­meiro lugar, ter a certeza e a coerência do que estão orien­tando e solicitando, para assim se manterem seguros e tran­qüilos, pois na realidade, a criança, na maioria das vezes, não está necessariamente se indispondo contra quem a está orientando; está apenas, testando a veracidade das suas ori­entações e se o seu comando é verdadeiro e coerente. Aqui é de suma importância, os educadores, e principalmente os pais, colocarem em prática tudo o que foi colocado nas par­tes anteriores do presente capítulo, principalmente sobre coerência.

Se uma criança sempre obedecer os desejos dos adul­tos, estará sendo submetida a uma disciplina extremamente rigorosa e às vezes a castigos severos. Toda a sua personali­dade foi limitada. Uma criança totalmente obediente, geral­mente já desistiu das coisas. Mostra pouco interesse em se exprimir. Sua satisfação consiste, em seguir a vontade dos outros. Muitas vezes, uma criança assim, é incapaz de exe­cutar qualquer tarefa, a não ser que seja claramente pedida e esboçada pelos outros. É subserviente ou submissa. Uma criança assim, muitas vezes, quando crescer, irá tornar-se um indivíduo passivo, sem ânimo, imaginação e iniciativa.

Na maioria das vezes, em casa e na escola, essas crian­ças são tidas como exemplo de bom comportamento. O que pode ser apenas, submissão e passividade e não bom com­portamento.
É, até certo ponto contraditório, certos pais deposita­rem nos filhos, expectativas de que se tornem indivíduos seguros, auto confiantes e capazes de liderança, e por outro lado estarem permanentemente a limitar tais pretensões, com exigência de uma total submissão, a sua autoridade paterna, considerada imune a qualquer contestação. E muitas vezes, estes mesmos pais, são aqueles que mais reclamam e exi­gem democracia social.

A desobediência não é cega, é inteligente, é livre, é uma opção e não precisa de força. Um lar não pode virar um cam­po de luta para ver quem é mais forte e manda mais. Estimu­lar o valor da obediência é importante. Mas é muito diferen­te o solicitar e o mandar, do obedecer e o ser submisso.
A criança, que pela coerência dos educadores, na con­duta da disciplina e dos limites, se torna obediente, está pre­parada para a vida.

Obedecer é importante, mas obedecer porque enten­deu a importância da solicitação ou da orientação e livre­mente se propôs a fazer ou seguir o que foi solicitado.
Todas estas colocações, não têm como objetivo colo­car a desobediência como algo somente positivo, mas que o excesso de obediência deixa de ser como tal e passa a ser submissão.
Quando um filho ou aluno não aceitar ou contestar uma ordem, não se deve jamais exigir o cumprimento da mesma, mas passar para o diálogo e assim definir quem está com a razão.

A obediência não é um fator moral, nem deve ser um fim educativo em si mesma, pois ela é a seqüência dos mé­todos disciplinares aplicados. O ato de obedecer ou não é, na maioria das vezes, uma reação à relação emocional da cnança com os que a cercam.

Pais muito severos ou muito autoritários, podem de­sencadear nos filhos, comportamentos exagerados em dois palas, que provavelmente serão prejudiciais no futuro: um, é o da obediência excessiva que é a submissão; o outro, é o da rebeldia excessiva. Os filhos submissos serão, como foi colocado antes, com pouca autonomia e pouca iniciativa; aprenderam a obedecer, em vez de examinar questões e tomar decisões; estão sempre como quem aguarda ordens a serem cumpridas, de forma que poderão viver dominados, por outras pessoas ou levados pelos acontecimentos. De ou­tro lado, filhos muito rebeldes, poderão ter a propensão a desenvolver sua vida em constantes atritos. A maioria dos problemas na adolescência, estão ligados a esse fator deso­bediência e rebeldia. Enquanto crianças, eram submissas aos pais, por medo; na adolescência, com novos horizontes, atre­vem-se a desobedecer com rebeldia e desafio. No segundo caso, se os pais, já tiverem se auto-educado, terão a oportu­nidade de com diálogo e amizade, recuperar a situação. O pior é o primeiro caso, em que poderão ser assim, para toda a sua vida.
A obediência é algo inserido na seqüência da condu­ção disciplinar da criança.

O que realmente prejudica são os extremos ou seja: as restrições ou ordens excessivas ou a tolerância excessiva. Na primeira, muitas vezes os pais falham por colocarem as restrições para os filhos, mais para o seu próprio favorecimento e até comodismo, e não pelo bem da criança e para a sua segurança. No segundo caso, na maioria das vezes, os pais estão tolerando nos filhos o que a eles não foi tolerado. Isso impede a criança de tomar consciência dos limites e das limitações que são impostas pela vida em soci­edade, tornando-a um indivíduo potencialmente desagradá­vel ao convívio e, sobretudo, a predispõe a um estado de permanente insatisfação.

Além dos extremos, é importante lembrar da incoerên­cia, quando da aplicação das normas disciplinares pelos pais. Quando estes vacilam, entre a restrição e a tolerância, dão à criança um modelo confuso de identidade comportamental.

Os pais devem seguir um padrão disciplinar no qual o ponto mais importante é a coerência e a compreensão. Para isso, é importante eles próprios seguirem algumas regras que são: não dar ordens em demasia, pois elas perdem o valor como tal e confundem a criança; falar para a criança com naturalidade, sem gritos ou imposições; dar um prazo entre a solicitação e o momento de cumpri-la, é o tempo suficien­te para a criança organizar ou encerrar seu brinquedo, des­pedir-se dos amigos e combinar novos encontros; nunca exi­gir a obediência por imposição do medo ou com ameaça, que não esteja certo de cumprir; deixar claro, através de ati­tudes, o que pode ser contestado e as normas e regras soci­ais e familiares, que fazem parte de um todo; nunca exigir, mas solicitar obediência, de forma bem educada e mostrar a importância do resultado.

Sempre que alguém quer convencer uma pessoa a fazer o que está solicitando, deve mostrar as vantagens, que ela terá em obedecer. Mostrar os lucros em forma de resultados, na vida da pessoa disciplinada. Quem tem dis­ciplina, tem organização e esta é a principal característi­ca para o sucesso.

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