Como construir o balanced scorecard



Construindo o balanced scorecard

Cada organização é única e, em conseqüência, adota sua pró­pria trajetória para a construção do balanced scorecard. Na Apple e na AMD, por exemplo, executivos seniores de finanças ou de desenvolvimento de negócios, intimamente familiarizados com o pensamento estratégico do grupo da alta administração, construíram o scorecard inicial, sem deliberações muito amplas. Na Rockwater, porém, a alta administração ainda precisou definir com precisão a estratégia organizacional e sobretudo as principais ala­vancas que impulsionam e mensuram o êxito estratégico.

Empresas como a Rockwater podem adotar um plano de de­senvolvimento sistemático para criar o balanced scorecard e esti­mular o comprometimento entre os gerentes seniores e de nível médio. Apresentamos a seguir o perfil de um projeto típico:

1. Preparação

A organização deve primeiro definir a unidade de negócios para a qual seja adequado um scorecard de alto nível. Em geral, o scorecard é apropriado para uma unidade de negócios que tenha seus próprios clientes, canais de distribuição, instalações de pro­dução e indicadores de desempenho financeiro.

2. Entrevistas: Primeira rodada

Cada gerente sênior da unidade de negócios - geralmente entre 6 e 12 executivos - recebe material de apoio sobre o balanced scorecard, além de documentos internos que descrevem a visão, a missão e a estratégia da empresa. O facilitador do balanced scorecard (ou um consultor externo ou o executivo da empresa responsável pela organização do pro­grama) realiza entrevistas de aproximadamente 90 minutos com cada um dos gerentes seniores para obter sua contribuição sobre os objetivos estratégicos da empresa e propostas preliminares so­bre os indicadores do balanced scorecard. O facilitador também pode entrevistar alguns dos principais acionistas, para conhecer suas expectativas referentes ao desempenho financeiro da unida­de de negócios, assim como alguns dos clientes mais importan­tes, para conhecer suas expectativas quanto ao desempenho dos seus fornecedores de alto nível.

3. Workshop Executivo: Primeira rodada

A equipe de gerentes seniores se reúne com o facilitador para a análise do processo de desenvolvimento do scorecard. (Ver qua­dro "Comece conectando as mensurações à estratégia".) Durante
o workshop, o grupo debate as declarações de missão e estratégia propostas, até chegar-se ao consenso. Em seguida, o grupo pas­sa das declarações de missão e estratégia para a resposta à se­guinte pergunta: "Se a visão e a estratégia forem bem-sucedidas, como o desempenho será diferente para os acionistas, para os clientes, para os processos organizacionais internos e para a ca­pacidade de inovar, crescer e melhorar?"
Nesta altura, talvez seja o caso de apresentar videotapes de entrevistas com representantes dos acionistas e dos clientes, para oferecer perspectivas externas ao processo decisório. Após a de­finição dos fatores críticos de sucesso, o grupo formula um balan­ced scorecard preliminar, contendo indicadores operacionais para os objetivos estratégicos. Freqüentemente, o grupo propõe mui­to mais do que quatro ou cinco indicadores para cada perspecti­va. Agora, o estreitamento das opções não é importante, embora talvez. caiba algum processo de votação para verificar se os indi­cadores propostos são considerados de alta ou baixa prioridade pelo grupo.

4. Entrevistas: Segunda rodada

O facilitador revisa, consolida e documenta os resultados do workshop executivo e entrevista cada gerente sênior sobre o balanced scorecard experimental, além de buscar opiniões sobre temas referentes à implementação do scorecard.



5. Workshop Executivo: Segunda rodada

Um segundo workshop, envolvendo a equipe gerencial sênior, seus subordinados diretos e um número maior de gerentes de nível médio, debate as declarações de visão e estratégia e o scorecard experimenta. Os participantes, trabalhando em grupos, comentam os indicadores propostos, vinculam os vários progra­mas de mudança em andamento aos indicadores e iniciam ode­senvolvimento do plano de implementação. No final do workshop, pede-se aos participantes que formulem objetivos distendidos para cada um dos indicadores propostos, inclusive metas de índices de melhoria.

6. Workshop executivo: Terceira rodada

A equipe executiva sênior se reúne novamente para chegar a um consenso final sobre a visão, os objetivos e os indicadores pro­postos nos primeiros dois workshops; para definir objetivos distendidos referentes a cada indicador do scorecard; e para iden­tificar programas de ação preliminares que assegurem o cumpri­mento das metas. A equipe deve concordar quanto ao programa de implementação, abrangendo a divulgação do scorecard entre os empregados, a integração do scorecard na filosofia gerencial e o desenvolvimento de um sistema de informação em apoio ao scorecard.

7.lmplementação

Uma equipe constituída especificamente para essa finalidade desenvolve o plano de implementação do scorecard, incluindo a conexão dos indicadores a bancos de dados e sistemas de infor­mação, a divulgação do scorecard em toda a organização e o estí­mulo e facilitação do desenvolvimento de indicadores de segundo nível para as unidades descentralizadas. Como resultado desse processo, por exemplo, talvez se desenvolva todo um novo siste­ma de informações gerenciais que vincule os indicadores de alto nível da unidade operacional com as medidas mais concretas do pessoal de produção e das áreas operacionais.

8. Revisões periódicas

A cada trimestre ou mês, prepara-se um relatório de informa­ções sobre os indicadores do balanced scorecard destinados à alta administração, para fins de análise e posterior discussão com os gerentes das divisões e departamentos descentralizados. Os indicadores do balanced scorecard são revistos anualmente, como parte dos processos de planejamento estratégico, definição de metas e alocação de recursos.

O Impacto do Scorecard sobre os Relatórios Externos

Vários gerentes perguntam se o balanced scorecard se aplica aos relatórios externos. Se o scorecard é de fato um vetor do de­sempenho de longo prazo, suas informações não seriam relevan­tes para a comunidade de investimentos?

Na realidade, o scorecard não se adaptaria com facilidade à co­munidade de investimentos. O scorecard faz sentido sobretudo para as unidades de negócios e divisões com estratégias bem-definidas. Muitas empresas têm várias divisões, cada uma com sua própria missão e estratégia, cujos scorecards não podem ser incorporados num scorecard corporativo geral. E se o scorecard de fato oferece uma visão profunda da estratégia da unidade, as informações e mesmo os indicadores em uso talvez sejam bancos de dados alta­mente sensíveis, capazes de fornecer informações valiosas para os concorrentes. No entanto, ainda mais importante, como inovação relativamente recente, o scorecard deveria primeiro beneficiar-se de vários anos de experiência dentro das empresas, antes de conver­ter-se em parte sistemática dos relatórios para o público externo.

Mesmo que o scorecard em si fosse mais compatível com as in­formações destinadas ao público externo, a própria comunidade finan­ceira mostra hoje pouco interesse em migrar dos relatórios financei­ros para os relatórios estratégicos. O presidente de uma empresa acha que a comunidade financeira desconfia dos princípios básicos do scorecard: "Usamos mais o scorecard com nossos clientes do que com nossos investidores. A comunidade financeira se mostra céptica sobre os indicadores de longo prazo e às vezes nos falam de algumas provas empíricas de correlação negativa entre preços das ações e ênfase na qualidade total e nos processos internos."

No entanto,a comunidade de investimentos começa a concen­trar"se em alguns indicadores críticos sobre o desempenho dos produtos. Seria esse um sinal preliminar de um deslocamento para o pensamento estratégico?

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