Breve história da disciplina de sociologia



As preocupações em torno da implantação da Sociologia como disci­plina obrigatória nos currículos das escolas brasileiras vêm de longa data. Já em 1890, Benjamin Constant, com forte influência nas tomadas de de­cisão do então Ministério da Instrução Pública e dos Correios e Telégrafos, propôs uma reforma de ensino na qual a Sociologia era introduzida como disciplina obrigatória não só nos cursos superiores, como também no se­cundário. No entanto, devido à sua morte na época da implantação desses novos currículos, a questão do ensino de Sociologia foi posta de lado. Em 1925, com a reforma Rocha Vaz, a disciplina foi introduzida na prática em escolas secundárias do Brasil. No curso de 2° grau, Habilitação para o Magistério (antigo curso Normal), a Sociologia passa a ser ministrada a partir de 1928.


Ratificando a permanência da disciplina, a reforma Francisco Campos (1931) fez com que ela fosse ministrada ininterruptamente até 1942, quando a chamada Reforma Capanema (leis Orgânicas de Ensino) retira a obri­gatoriedade do ensino da Sociologia na escola secundária. A partir daí, e principalmente com os acontecimentos políticos ocorridos no país pós-64, a Sociologia foi sendo posta de lado: nesse período foi ministrada apenas nos cursos de Habilitação para o Magistério.

É só com a recente promulgação de) Lei n° 7.044/82 que a Sociologia lentamente começa a ser reabilitada pelos programas curriculares. Isto por­que a tônica dada à profissionalização pela Lei anterior (n° 5.692/71) cede lugar a uma concepção de educação mais abrangente, permitindo pensar­mos uma escola de 2° grau voltada para a contribuição à construção do direito à cidadania - uma das fontes de revitalização da importância da Sociologia.

No entanto, se no nível legal essa revalorização é recente, vale salientar que a intelectualidade brasileira vem há muito tempo insistindo na importância da Sociologia nos cursos secundários. Em 1949, participando de um simpósio sobre "O Ensino de Sociologia e Etnologia", Antonio Cândido desenvolve o tema "Sociologia: Ensino e Estudo" e alerta para a necessi­dade de essa disciplina fazer parte do currículo da escola secundária, por contribuir para oferecer ao indivíduo uma visão mais integrada da totalidade social, superando a visão de senso comum. Em 1955, é a vez de Florestan Fernandes discutir o papel da disciplina, na apresentação do tema "O En­sino da Sociologia na Escola Secundária Brasileira", durante o Congresso Nacional de Sociologia.

É preciso destacar também que, a partir do início da década de 1980, várias entidades de classe do Brasil vêm se manifestando favoráveis à in­clusão da disciplina no 2? grau. No caso do Estado de São Paulo, por exemplo, a Associação dos Sociólogos (ASESP) desempenhou papel im­portante na mobilização da categoria em torno do "Dia Estadual de Luta pela volta da Sociologia ao 2° Grau", realizado em 27 de outubro de 1983. Naquela ocasião foi entregue ao então secretário da Educação do Estado, Paulo de Tarso, um documento demonstrando a necessidade da Sociologia na formação do cidadão. Essa mobilização levou órgãos governamentais ligados à educação pública a oferecerem cursos de atualização para os professores de Sociologia, em 1984-1985, e ainda a realizarem concurso para ingresso de professores de Sociologia na rede pública de ensino, em abril de 1986.
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