Origem da sociedade capitalista



Daquilo que foi discutido até aqui, ficam algumas dúvidas: de que modo a sociedade se altera a ponto de fazer com que, ao lado da consciência filosófica, apareça agora uma outra consciência, a cientí­fica? Como se apresenta a sociedade contemporânea, que tanto valo­riza a ciência? Como se dá a educação nesse novo período da evolução do ser humano?

Para responder a tais questões, é importante inicialmente nos fixarmos na Europa dos séculos IV a XIV (301-400 a 1301-1400 d.C.), pois foi esse período que deu origem ã nossa sociedade atual.

Sabemos que no período citado, a Europa era um continente onde a organização econômica principal girava em torno da terra e da propriedade da terra. O modo de vida era ligado ao trabalho rural, principal fonte de organização social.

Por ser a terra fonte de riquezas é que os seus poucos proprie­tários se tornavam poderosos: a camada dominante dos senhores feu­dais, que compreendia a nobreza e o alto clero. Por outro lado, existia uma imensa maioria de pessoas forçadas a trabalhar nas terras da nobreza feudal para sobreviver, pagando pelo uso dessa terra vários tributos: a camada dos servos que compreendia uma imensa população de trabalhadores pobres.

Nessa sociedade de base agrária, o modo de vida era completa­mente diferente do que é hoje em dia: pouco comércio, cidades quase não existiam, eram pouco mais que pequenas aldeias, o pensamento religioso moldava a vida da maioria das pessoas.

A partir do século XIV, esse mundo começará a se transformar rapidamente. É essa transformação que nos interessa, pois, de mundo agrário, a Europa caminhou para o mundo urbano-industrial. Essa mudança não ocorreu em pouco tempo, foram precisos no mínimo três séculos para que ela se completasse. No entanto, como foi uma mudança social radical, muitos a chamaram de revolução.

Essa revolução que levou a Europa do feudalismo ao capitalismo teve muitas dimensões e momentos:

Em primeiro lugar, foi uma revolução econômica, pois a organi­zação do trabalho se alterou profundamente: da sociedade estratificada em apenas dois grandes estamentos, surgiu novo grupo social muito importante, a camada dos comerciantes e artesãos livres: pessoas que, a partir do século XIV, já não dependiam mais da terra, e sim de atividades puramente urbanas. Dos artesãos e comerciantes mais po­derosos, surgem aqueles que passam a investir grandes somas de ri­quezas em manufaturas. Essas manufaturas, na verdade, eram as pri­meiras indústrias, ainda primitivas, mas que já se caracterizavam pela divisão interna de funções, o trabalho parcelado em inúmeras ativi­dades a partir da introdução de novas e melhores máquinas e técnicas. Cada operador de máquinas já não elabora o produto por inteiro, mas apenas uma peça que, somada às peças de outros operadores isolados, dá origem ao produto final. É a divisão social do trabalho. Assim, ao entrarmos nos séculos XVIII e XIX, teremos as fases da Revolução Industrial, que foi a dimensão econômica da revolução que deu origem ao capitalismo.

Esse modo de produção, que se originou do comércio e da ma­nufatura, foi o responsável pelo desenvolvimento de novas invenções, técnicas, aumento das atividades produtivas, dando origem à moderna indústria. A intensa urbanização do nosso século é fruto desse processo e o aparecimento de classes sociais também o é. Agora sob a sociedade capitalista, a fonte de riquezas não é mais a terra, mas sim a propriedade de fábricas, máquinas, bancos, isto é, a propriedade dos meios de pro­dução. Assim, os poucos proprietários dos meios de produção se cons­tituem na classe empresarial (burguesia) enquanto que uma imensa maioria de pessoas não-proprietárias se constituem na classe trabalha­dora (proletariado), que, para sobreviver, troca sua capacidade de tra­balho por salário.

Em segundo lugar, foi uma revolução política, pois a antiga nobreza feudal acaba por perder o domínio para a classe burguesa, economi­camente mais forte. Enquanto no feudalismo persistiu uma política que representava os interesses dos senhores feudais e do clero, serão agora os empresários que passarão a organizar a política e, a partir daí, nasce o Estado moderno, isto é, nascem as formas de governo eleitas pelo voto e regidas por uma Constituição. Nasce o parlamento, e o poder do Estado se divide em executivo, judiciário e legislativo. Todas essas novas dimensões da política burguesa devem dar .a apa­rência de que o Estado, acima dos interesses de classe, vem organizar democraticamente a sociedade. Nasce assim a democracia burguesa.

Em terceiro lugar, foi uma revolução ideológica e científica, pois a visão de mundo sob o capitalismo se alterou: a idéia de progresso se propaga, como também a idéia de enriquecimento. A vida, dinâmica e competitiva, faz nascer o sentimento de individualismo. A ciência, como já aprendemos, se origina a partir de novos métodos de inter­pretação da natureza. A partir da observação dos fatos, decomposição em partes (análise) e de sua reordenação (síntese) se interpreta uma natureza regi da por leis. Isso possibilita, com uma série de novos in­ventos, grande domínio do ser humano sobre a natureza, nunca visto antes na história da civilização.
Gostou do artigo? Compartilhe nas redes sociais!


Encontrou o que procurava? O blog lhe foi útil? Então, curta o Yesachei no Facebook!

1 comentários :

Anônimo disse... [Responder comentário]

no caso da revolução ideologica foi o surgimento das escolas ,o q seria este paragrafo em uma visão mas geral e clara?

Postar um comentário

Atenção!

Faça seu comentário, mas sempre com responsabilidade, caso contrário, ele não será publicado!

Não serão aceitos comentários que denigram pessoas, raças, religião, marcas e empresas.

Sua opinião é importantíssima para o crescimento do blog. Portanto, comente, o blog agradece!

2leep.com