Andropausa existe?



O termo caiu por terra - e o argumento é que o homem produz seu hormônio sexual ao longo da vida inteira, portanto não há "pausa". Mas, com o tempo, seu tanque hormonal na reserva favorece o declínio físico. Aí a pergunta é se valeria a pena reabastecer o corpo masculino com tratamentos de reposição hormonal.
Depressão, desânimo, perda da libido, disfunção erétil, enfra­quecimento dos ossos, redução da massa muscular, queda da atividade intelectual e da memória, dimi­nuição dos pelos - esse pacote de sin­tomas surge quando a testosterona, hor­mônio sexual masculino, entra em queda livre. A ele pode se somar a barriga de chope.Até há pouco tempo, muitos cha­mavam essa fase de derrocada hormonal de andropausa - período que equivaleria à menopausa das mulheres. Mas hoje os médicos fazem um esforço para que as pessoas come­cem a usar uma sigla que consideram muito mais adequada para explicar a situação: estamos falando em Daem. Já ouviu falar disso? Daem quer dizer distúrbio androgênico do envelheci­mento masculino. Em por­tuguês claro para os leigos, sob essa alcunha estão todos os transtornos relacionados à diminuição nos teores de testosterona. Não há uma interrupção total em sua produção nem uma pausa em sua linha de montagem, por assim dizer.

E mais: enquanto a meno­pausa mais dia, menos dia chega para todas as mulheres que amadurecem, o Daem só afeta cerca de 20% dos homens na faixa dos 60 anos. Ou seja, não dá para comparar a ala masculina com a feminina quando se fala dos efeitos do envelhecimento sobre as glândulas sexuais. A expressão andropausa, então, seria totalmente equivocada. E não foi só o nome que mudou. O diag­nóstico também sofreu ligeiras mudanças. Segundo as novas diretrizes internacio­nais, a medição hormonal não é suficiente para o médico bater o martelo. É preciso analisar todo o contexto.
Quando o total de testosterona está acima de 350 nanogramas por decilitro de sangue (ng/dl), o nível sempre é considerado nor­mal. Em principio, o nível precisaria estar abaixo de 230 ng/dl para que se cogitasse uma reposição do hormô­nio. As dúvidas surgem em relação aos homens que não ficam nem abaixo de 230 nem acima de 350 ng/dl.

"A maioria dos homens com sintomas de Daem e testosterona baixa melho­ram quando repõem a subs­tância", conta Carlos Da Ros, chefe do Departamento de Andrologia da Sociedade Brasileira de Urologia. Mas, se não houver melhora passados entre três e seis meses, a reposi­ção deve ser suspensa. E caberá ao médi­co investigar quais as outras possíveis causas para os sintomas que pareciam estar ligados à questão hormonal. "Ou seja, a medida mais prudente é prescre­ver o hormônio e observar se esses sinais dão trégua", enfatiza o especialista. 

Uma questão que passou a merecer a reflexão dos médicos nos tempos recentes é até que ponto os baixos níveis de testos­terona seriam causa ou consequência do rol de problemas relacionados ao Daem. "Veja o caso do homem que se sente apático, incapaz de encontrar algum tipo de interesse", exemplifica o urologista Joaquim Claro, do Hospital das Clínicas de São Paulo. "Aos poucos entra em depressão e isso afeta seu corpo a ponto de fabricar menos hormônio", diz ele.

Segundo o médico, também pode acon­tecer o contrário: uma baixa, provocada por razões genéticas. "Se as alterações forem discretas, um programa de exerci­cios pode dispensar a resposição", garante Joaquim Claro. "Muitos pacientes melho­ram só com atividade fisica", nota. A ginás­tica não apenas recupera a massa mus­cular como, graças à ação de endorfinas, aumenta a disposição. E, quando o humor melhora, a produção hormonal entra nos eixos, de acordo com o urologista.

Baixas taxas hormonais também estão associadas à obesidade, à osteoporose e ao diabete tipo 2. Mas é complicado afir­mar que, no caso, a testosterona reduzi­da seria mero resultado desses males, já que a reposição favorece a perda de peso, o ganho de massa óssea e a sensibilidade à insulina. Aliás, no caso dos diabéticos com sintomas de Daem, as novas dire­trizes sugerem realizar o teste de testosterona e, se estiver mesmo em baixa, a ordem seria fazer a reposição.

O que mais rende pano para a manga, no entanto, são os possíveis efeitos coleta­rais do tratamento. Durante muito tempo, acreditou-se que ele contribuiria para o apa­recimento do câncer de próstata. Hoje se tem certeza de que, ao repor o hormônio, pode-se alimentar um tumor que já existia. "Antes de iniciar a reposição, o paciente precisa passar por um checkup, que deve incluir o toque retal e a dosagem de antíge­no prostático espeófico, o PSA, molécula capaz de sugerir a existência de um tumor", ensina Carlos Da Ros. Ao menor sinal de encrenca, os médicos deixam de cogitar a reposição. "Quem já teve um tumor e está curado tem passe livre", garante o médico. "Mas os exames preventivos têm de ser refeitos sempre." Ah, também é preciso afastar outros quadros, como a apnéia do sono, o aumento de hemáceas no sangue e a insuficiêcia cardíaca. Porque tudo isso se agrava quando se repõe a testosterona e deve pesar na hora da decisão.


2 em cada 10 homens apresentam derrocadas hormonais ao se tomar sexagenários. E, ainda assim, nem sempre a queda de testosterona produz algum tipo de sintoma.

O QUE INDICA O DAEM Como esse distúrbio afeta o homem

entre os lençóis: diminuição da libido ou, mais grave, disfunção erétil.
na radiogmfia e na densitomebia óssea: evidências de pen:la de massa no esqueleto, sem contar dor lombar e fraturas.
nos músculos: redução da força e aparência de f1acidez.
na cabeça: dificuldade de concentração e problemas de memória, que culminam em uma diminuição das atividades intelectuais.
no ânimo: desde falta de iniciativa até depressão pra valer.
na cintura: aumento da gon:lura visceral, que infla a barriga.
na pele: uma diminuição dos pelos, percebida na hora de fazer a barba ou ao olhar a região do peito e as
axilas.
na circulação: palpitações de vez em quando, que podem ser associadas a ondas de calor.

DÁ PARA EVITAR O DAEM?

Em termos. "Existem pessoas que, por questões genéticas, nunca sofrerão do distúrbio", explica Joaquim Claro. "Mas bons hábitos, aqueles capazes de preservar a saúde física e mental, ajudam a afastá-lo ou, ao menos, a retardar seu surgimento." Isso significa banir o fumo e as drogas, evitar exageros alcoólicos, reduzir a gordura animal, manter o peso e donnir bem, muito bem. "Males crônicos, como diabete, doença pulmonar obstrutiva crônica, problemas cardiovasculares e hipertensão arterial são fatores que aumentam o risco de surgimento do Daem", alerta Ricardo Meirelles. "Portanto, tudo o que ajuda a prevenir esses males diminui a ameaça de problemas com a testosterona."

MUDANÇA NOME

Um homem jovem e saudável produz testosterona em quantidades que superam os mil ng/dl. Mas, a partir
dos 40 anos, esse nível começa a cair em cerca de 10% a cada década, ou 1% ao ano. "Aos 60, acredita-se que 20% dos indivíduos do sexo masculino tenham taxas abaixo do normal, incidência que chega a 80% quando falamos em quem tem mais de 80 anos", explica o endocrinologista Ricardo Meirelles, do Rio de Janeiro, membro da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia. Ainda assim, nota-se que a expressão andropausa, correspondente à menopausa da ala feminina, jamais fez sentido, já que neles os hormônios nunca desaparecem de vez - e nem sequer todos os homens sentem na pele e no ânimo a falta desse hormônio.

O SOBE E DESCE HORMONAL

350 A 1000 NG/DL - apontado como nível normal de testosterona total no sangue
230 A 350 NG/DL - Zona cinzenta, exige a atenção do médico. Se houver sintomas do DAEM, pode-se fazer uma reposição para efeito de teste terapêutico e esperar para ver se, graças ao tratamento, os sinais desapareceram.
<230 NG/DL - Abaixo desse nível, a reposição certamente trará benefícios ao paciente.


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