Falar de si mesmo no Facebook, e em outras redes sociais, é bom ou ruim?



A maioria dos 'posts' em midias sociais serve para irradiar ao universo o umbigo de cada um de nós!
GRAÇAS À fala, humanos po­dem facilmente trocar ideias e conhecimentos, filosofar em voz alta e fazer planos sobre como mudar o mundo.

Na prática, contudo, a fa­la é usada quase à metade do tempo para tratar do próprio umbigo e comunicar como nós mesmos nos sentimos, do que gostamos ou o que pen­samos. De 30% a 40% da fala cotidiana trata de experi­ências próprias ou relaciona­mentos e incríveis (mas não surpreendentes) 8.0% dos "posts" em mídias sociais ser­vem para irradiar ao univer­so a vida pessoal de cada um.

É claro que há várias van­tagens em falar de si mesmo. Fazendo isso; compartilha­mos experiências e aprende­mos uns com os outros, um beneficio talvez já grande o suficiente para garantir que, evolutivamente, o hábito de falar de si mesmo fosse man­tido e passado adiante.

Mas algo especial faz com que humanos falem tanto de si mesmos. Um estudo da Uni­versidade Harvard mostrou que o hábito vem de uma pre­ferência real com origens no sistema de recompensa do cé­rebro, aquele conjunto de es­truturas responsáveis por nos premiar com uma sensação fisica de prazer quando faze­mos algo que o resto do cére­bro considera positivo ou in­teressante de alguma forma.

Segundo o estudo, mesmo tendo a opção de embolsar mais dinheiro para responder a perguntas sobre gostos e há­bitos de outras pessoas ou so­bre simples fatos, voluntários escolhem ganhar menos para falar de si mesmos - e de dentro de um aparelho de res­sonância, onde só os pesqui­sadores veem suas respostas.

A escolha está relacionada à maior ativação das estrutu­ras do sistema de recompen­sa, o que gera prazer e au­menta as chances de que, da próxima vez que a alternati­va for oferecida, a opção se­ja mais uma vez por ... falar de si mesmo.

Funciona mesmo quando segredo completo é garanti­do. Mas, seres sociais que so­mos, a ativação do sistema de recompensa é especial­mente alta quando os voluntários sabem que suas respos­tas serão ouvidas pelo acom­panhante que eles levaram para o estudo. Falar de si é bom, mas falar de si para os outros é melhor ainda.

Não é à toa, portanto, que a liberdade de expressão pes­soal e de opinião é altamen­te valorizada. Não se trata apenas de um construto so­dal ou cultural: o prazer de expressar os próprios pensamentos e estado de espírito é real, mensurável e vem lá dos cafundós do cérebro.

SUZANA HERCULANO-HOUZEL é neurocientista e professora da UFRJ.  

Tags: post, post no Facebook, falar de si mesmo, compartilhamento de ideias, Uni­versidade Harvard.

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