A internet é representada por alguns técnicos como uma nuvem. A comparação é resultado de sua estrutura maleável, com um centro indefinido e contornos em constante mutação. Por isso, o uso da web como um computador foi batizado de cloud computing (computação na nuvem). Na prática, o modelo é conhecido. Ele move as engrenagens do Google. A cada busca, o site faz uma varredura em mais de 40 bilhões de páginas da internet. Selecionadas, as informações são devolvidas à tela do computador do usuário sob a forma de uma lista com milhares de links. O computador pessoal (PC) faz muito pouco nesse processo. Ele é apenas a porta de acesso à nuvem. A mesma lógica operacional aplica-se a endereços virtuais como o Yahoo!, o eBay, a loja on-line Amazon, o Orkut e o YouTube.
A novidade é que esses serviços oferecidos remotamente têm se diversificado com rapidez. Nicholas Carr, o ex-editor da revista Harvard Business Review, descreve essa evolução:
"A nuvem expandese para novos tipos de software. Hoje, a edição de fotografias pode ser feita pela internet, sem a necessidade de comprar um programa específico para essa tarefa. Armazenar dados na web, em vez de usar o disco rígido do computador, é outra atividade que vem se tornando comum". Para muitas empresas, principalmente pequenas e médias, a cloud computing representa uma oportunidade. Usar a internet como um computador - ou um superarquivo - elimina a necessidade de pesados investimentos em infra-estrutura de tecnologia, o que inclui o maquinário, back-ups (as cópias de segurança) e atualizações permanentes de softwares.
A Amazon explora o filão de negócios da nuvem. A loja virtual aluga espaço em sua rede de computadores. Cobra 15 centavos de dólar para cada gigabyte armazenado e 10 centavos de dólar pelo mesmo volume de informação, quando transferido. O jornal The New York Times usou esse serviço para colocar na web 15 milhões de artigos, publicados entre 1851 e 1922. A Nasdaq, a bolsa de empresas de tecnologia, também se valeu da estrutura computacional da Amazon para criar o Market Replay, uma ferramenta que analisa e fornece o histórico de milhares de ações.
A segurança na nuvem desperta debates, mas é um item sensível para alguns setores, como o sistema bancário. No mais, os arquivos pessoais - ou mesmo os dados corporativos - correm menor risco quando depositados nos serviços e softwares da internet do que no disco rígido de um Pc. Isso acontece porque as principais empresas da web protegem os documentos com grandes times de especialistas e também com sistemas atualizados de combate a vírus. Os back-ups também são recorrentes. "Poucas pessoas, ou mesmo pequenas e médias companhias, tomam esse tipo de cuidado com seus computadores", diz Cezar Taurion, gerente de novas tecnologias da IBM do Brasil. Um dos aspectos mais espetaculares, da cloud compunng e a infra-estrutura que a sustenta. Ela é formada por imensos parques computacionais, que reúnem milhares de computadores num só ambiente. São os data centers - as usinas da nuvem -, que, em vez de levar energia a uma cidade, fornecem processamento e armazenamento de informações para todo o planeta. "É nesses lugares que a internet vive", disse Michael Manos, responsável por esses sistemas na Microsoft. Esses centros de dados representam para mundo digital no início do século XXI o que a indústria têxtil significou para a Revolução Industrial no século XVIII. Somados, apenas os maiores data centers do planeta ocupariam uma área de 2,3 milhões de metros quadrados, o equivalente a 278 campos de futebol colocados lado a lado. Em 2012, estima-se que essa extensão alcance 3 milhões de metros quadrados (363 campos). Os principais centros de dados são mantidos por empresas como Google, Yahoo, Amazon, Microsoft, IBM e HP. No E sil, a Tivit, do Grupo Votorantim multinacional Diveo têm grandes parques de computadores. Nas usinas da nuvem, milhares de vidores (máquinas pouco mais pote que um PC) são empilhados em prateleiras de metal, dispostas em longos corredores. O cenário é de uma plantação computadores, mas com a asse um centro cirúrgico. Não pode acúmulo de pó e a temperatura tem ser mantida em 21 graus, com variação" de 2 graus. Sem isso, os computadores superaquecem - e pifam. Para esfriar o ambiente, os data centers produzem água gelada em profusão, distribuída por pequenos canos pelo ambiente. Não se ouvem ruídos. O único movimento perceptível é o piscar de luzinhas, indicando que as conexões com a web estão ativas. Há pouquíssimas pessoas.
Tudo é crítico. Não pode haver falha na energia nem interrupção no serviço de banda larga. Os projetos mais avançados têm de garantir o suprimento de eletricidade em 99,999% de um ano. Ou seja, a tolerância anual com apagões é de 5,2 minutos. A ligação com a internet precisa ser mantida durante 99,99% do ano. Isso quer dizer que a soma dos lapsos não pode ultrapassar 52 minutos. Para assegurarem esse nível operacional, os centros de dados usam sistemas redundantes. A energia vem de mais de uma fonte externa. Paralelamente, é garantida por geradores de reserva e baterias. Com todas essas exigências, um dos desafios dessa indústria é pagar a conta de luz. Estudo feito pelo Departamento de Energia do Laboratório Nacional Lawrence Berkeley, nos Estados Unidos, estima que o gasto de um data center com energia por melro quadrado é trinta vezes superior ao de um escritório comercial.
Não é nova a idéia de a internet funcionar como uma grande máquina. Essa possibilidade é sugerida desde os anos 80. "A rede é o computador", era o slogan da Sun Microsystems, criado em 1982 por John Gage, um dos fundadores da empresa. Em 2000, Larry Ellison, da Oracle, fundou a New Internet Computer (NIC). Tinha como lema "um monitor, um teclado e um supercomputador distante". É isso que oferecem os principais serviços de cloud computing. Ellison enxergou longe. Viu para onde a bola iria correr, mas chegou muito antes do passe. A NIC faliu em 2003. Hoje, o que torna a computação na nuvem viável é a expansão da banda larga, somada a softwares que organizam de forma eficaz toneladas de informações nos data centers.
O impacto da computação na nuvem é incipiente. Mas o sistema, apesar de estar longe da perfeição, tem facilitado o surgimento de pequenas empresas de tecnologia, que não precisam investir num maquinário dispendioso. Elas o alugam. Sites como YouTube, Skype e Craiglist surgiram nessa toada. Um exemplo recente é o Mogulus, que reproduz vídeos ao vivo na web. No mais, há especulações. Cogita-se, por exemplo, do fim do software vendido em pacotes, como o Office, da Microsoft. Eles seriam suplantados pelos programas oferecidos gratuitamente na web. Nicholas Carr retoma a comparação com a eletricidade para fazer suas previsões: "A eletrificação acelerou a expansão da cultura de massas. dando às pessoas experiências comuns por meio do rádio e da TV. A internet que está se tornando um computador universal, desencadeia um conjunto de forças diferentes e promete remodelar a cuitura mais uma vez". Como? Isso ninguém responde satisfatoriamente - ainda.
Internet
Esta é um data center, da Tivit, em São Paulo. Em todo o mundo, instalações internet como essa têm milhares de computadores empilhados, nos quais são arquivados e processados os softwares disponíveis na internet. Só o Google tem perto de como essa têm milhares de computadores quarenta desses, parques computacionais.
Um complexo da Microsoft, construído em Washington, mede 140000 metros quadrados, o equivalente a dezessete campos de futebol.
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1- Para garantirem fornecimento de energia, os data centers usam geradores.
2- Há salas com pilhas de baterias acomodadas em estantes de metal.
3- Redes de dutos conduzem as conexoes com a web e a água fria (para resfriar o ambiente) até os computadores.
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